Lucas Pasin

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3º dia, Globo feliz e arquibancada gratuita: as mudanças do Carnaval no Rio

Assim que assumiu a presidência da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Gabriel David, 26 anos, fez uma primeira mudança: ele "quebrou as paredes" do escritório, e decidiu melhorar a comunicação interna, com funcionários e colaboradores trabalhando em um mesmo ambiente. Este já era o primeiro sinal de uma nova gestão para o Carnaval no Rio.

Gabriel, herdeiro de Anísio Abrahão, que é patrono da Beija-Flor de Nilópolis, se torna o presidente mais jovem da história da Liesa, e já chegou inovando, criando, e também, é claro, incomodando.

A minha vida já é pública há muito tempo. Já sofri críticas não só por coisas profissionais, mas também pessoais. Quando eu decidi ser presidente da Liesa, eu sabia o que poderia acontecer. Ser presidente de uma liga, em qualquer lugar do mundo, demanda tomar posições difíceis. Tenho certeza que teremos bons resultados para o Carnaval Gabriel David, em entrevista exclusiva a esta coluna de Splash.

Para os amantes de Carnaval, a chegada de Gabriel David veio com uma notícia que impacta bastante. A partir de 2025, as escolas de samba vão se dividir em três dias de desfile. A terça-feira na Sapucaí passa a receber desfiles do Grupo Especial.

Esta não deve ser a única mudança neste início de uma nova gestão. A coluna descobriu que existe a possibilidade de ingressos para arquibancada serem disponibilizados de forma gratuita. Veja a entrevista completa com Gabriel David:

Gabriel David é o novo presidente da Liesa
Gabriel David é o novo presidente da Liesa Imagem: Roberto Filho/Brazil News

Você chegou quebrando as paredes da Liesa, literalmente. Essa será uma marca da sua gestão?

Gabriel David - Quebrar as paredes é algo que faz parte da mudança de um formato de comunicação interna dentro de uma empresa. A Liesa cresceu muito neste primeiro mês de gestão, com mais funcionários e colaboradores. Preciso integrar e dar a minha cara para tudo aquilo. Quebro as paredes para facilitar a comunicação e fazer com que os departamentos troquem mais.

E como surgiu o terceiro dia de desfiles?

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Se trata de uma mudança regulamentar, uma decisão tomada em plenária com as 12 escolas de samba. Só quem votou foram as escolas. Eu, no papel de presidente, só voto em caso de empate, e não foi o caso. O terceiro dia vem com um impacto muito direto em quem vive de Carnaval. Essas pessoas terão uma melhoria de condições de trabalho. As mudanças regulamentares ainda não acabaram. A plenária só encerra dia 11 de junho, e acredito que teremos novas mudanças. Só divulgamos o terceiro dia antes porque precisávamos realizar o sorteio da ordem dos desfiles.

Você fez um estudo sobre o impacto do terceiro dia?

Temos uma série de dados e análises de diferentes setores. A necessidade do terceiro dia se fez por uma série de motivos, e eu posso destacar alguns. O primeiro deles é a uniformização de competição. O "efeito iluminação" é algo grandioso, e correr o risco de uma escola apresentar o seu desfile inteiro na luz do dia traz um impacto direto na competição. Tem também a contribuição social e financeira do Carnaval. O terceiro dia traz um aumento do turismo. Também podemos destacar a possibilidade de ingressos mais baratos, principalmente nas arquibancadas. A tendência é atender a um número maior de pessoas. Estamos em busca de soluções para que mais pessoas venham para o Carnaval, e ter o terceiro dia é uma dessas maneiras.

A Globo, que tem o direito de transmissão, também fica feliz?

Sem dúvida. Não só por questões financeiras, mas por questões midiáticas. Um terceiro dia de desfiles traz mais tempo de televisão para poder falar de Carnaval e reverberar sobre o produto que eles compram, já que compram o direito de imagem deste produto. A Globo está feliz. A prefeitura, o Governo. É importante ressaltar que todos ganham com isso. A população como um todo. É o Carnaval reafirmando a sua contribuição social. Querendo ou não, até quem não gosta do Carnaval, está sendo positivamente impactado por essa mudança. Tem questões logísticas da cidade que melhoram significativamente com isso. São menos carros alegóricos circulando pela cidade por dia. Mas o principal ponto é o aumento financeiro e turístico da cidade.

A próxima mudança será ter arquibancadas de graça?

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Já existem setores populares, com a distribuição de ingressos. Esses setores já são vendidos por um preço muito baixo. Temos um estudo para que esses setores populares se tornem por inteiro gratuitos. Assim mudaremos o formato de distribuição desses ingressos, para garantir que cheguem em pessoas que não conseguem pagar para estar no Carnaval.

E a reclamação principal das escolas: a falta de verba?

O repasse da LIESA é igualitário para as 12 escolas. O que muda é a capacidade de cada escola em gerar receita e a premiação, que é diferente. Fiz uma série de mudanças comerciais no meu trabalho de diretor de marketing. Temos uma sequência deste plano. Acredito muito que podemos seguir num aumento de receita que já vem acontecendo nos últimos três anos. A cada ano a LIESA vem distribuindo mais dinheiro para as escolas, e isso aumenta o nível do espetáculo. Isso já foi nítido neste último ano.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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